24/03/2017

Abuso de Menores: um problema humano. Por Pe. Matias Soares. Confiram o texto!!!


Abuso de Menores: um problema humano. Por Pe. Matias Soares. Confiram o texto!!!
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A sociedade hodierna, pouco a pouco, começa a ter a atenção voltada para um problema seríssimo que são os casos de abusos de menores. Há uma visão, que ainda é míope do que seja integralmente essa questão moral e que tem que ser enfrentada por todos os indivíduos e instituições sociais. A ideia que se tem sobre o problema é que pedofilia é a mesma coisa de abuso de menores; no entanto, este último é mais abrangente. A pedofilia é a exploração sexual de crianças com até doze anos e o abuso é tudo o que é realizado, desde a exploração sexual, laboral, assédio moral e psíquico, à crianças e adolescentes com até dezoito anos de idade. Já existe o Estatuto de Proteção das Crianças e Adolescentes, desde 1990; ou seja, há um marco jurídico que globalmente reconheceu que as crianças e adolescentes estavam sendo exploradas e violentadas em escala global e em todos os lugares do Mundo. No Brasil, houve a tipificação de proteção com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Essa enfermidade social, que maltrata tantos vulneráveis, não é uma questão que está vinculada, e não pode estigmatizar, a uma instituição; mas é um mal praticado em todos os lugares, por milhares de pessoas e presente em todas as instituições continentais.

Pesquisas e tantos estudos da ONU mostram constantemente que há vários tipos de exploração e violências contra a dignidade das crianças e adolescentes: a falta de educação, saúde, lazer, a fome, a miséria, abandonos e abortos são outros modos de abusos de menores. Eles matam constantemente. Uma percepção ainda mais ampla e responsável deve ser assumida. A média de setenta a oitenta por cento dos casos de abusos sexual de menores e adolescentes é perpetrada nas famílias e por conhecidos das vítimas. Na maioria dos casos, as vitimadas são as meninas. Ouvindo três apresentações de profissionais e agentes sociais do México, Colômbia e Argentina, as informações e diagnósticos são semelhantes. Vemos que há uma questão cultural e machista que precisa ser repensada. A preocupação não pode ser de uma instituição. Tem que envolver a todos os que são agentes. Existe uma desonestidade, que é prejudicial para o bem das crianças e adolescentes, a saber: tomar um bode expiatório em quem jogar toda a culpabilidade. O problema não pode ser usado para desacreditar e atacar pessoas e setores particulares da sociedade. Pois, a própria cultura ocidental, que renega seus valores éticos e morais, promovendo a cultura pansexual também é apontada como causadora ideológica do que acontece, já que a patologia perpassa vários ambientes e ainda continua não sendo denunciado por muitas vítimas.

O abuso sexual de menores, para ser pontualmente combatido, tem que considerar os sofrimentos das vítimas. O princípio da dignidade da pessoa humana é irrenunciável no enfrentamento da mazela. A boa fama das instituições não pode estar acima do bem das pessoas. As instituições existem para cuidar do bem das pessoas. Quando não o fazem, traem os seus fins primários. Tornam-se monstros parasitários. Além das leis já existentes e que podem ser aperfeiçoadas, há a urgência de ser formada a cultura do cuidado das crianças. Uma Nação, ou instituição, que não zela pela dignidade das suas crianças e adolescentes, não prepara o seu futuro e o da sociedade. A preocupação deve ser integral e integrante: as famílias, as escolas, igrejas, associações e demais entes sociais precisam ver o problema de modo mais sério. A tolerância tem que ser zero e o combate deve ser continuado.

Uma informação que parece que muitas pessoas não têm é que a pedofilia é uma doença que, segundo os especialistas da área psicológica e psiquiátrica, não tem cura. Essas pessoas, que infelizmente têm essa patologia comportamental, precisam conscientizar-se que são doentes, para a proteção delas e das vítimas. São pessoas compulsivas, que manipulam seus superiores e suas presas. Sendo acompanhadas por médicos e fazendo os devidos tratamentos, podem conviver com a doença, sempre atentas a manter distância de situações de risco. Há alguns anos atrás, se confundia a homossexualidade com a pedofilia. Para as pessoas que cometiam o crime da pedofilia e abuso de menores, havia a ideia que era a mesma coisa de quem tinha a tendência homoafetiva. Tem que haver um esclarecimento dessa concepção: as pessoas com opções homoafetivas não podem ser culpabilizadas pelos atos dos pedófilos e abusadores. Não pode existir nenhum tipo de discriminação às pessoas homoafetivas por causa das práticas doentias dos abusadores de menores, nem muito menos pela sua condição pessoal. Por isso que, nalgumas instituições existiu muita negligência e, até hoje, às vezes, até conivência com perplexidades que exigiam atitudes mais sanadora e justas para com pessoas que claramente tendentes a praticar abusos de menores. Um professor que acompanha a situação dos problemas de abusos na Austrália vociferou honestamente: “o abuso de menores tem que enfrentado a partir dos sofrimentos das vítimas. Elas têm que ser ouvidas e ter suas feridas saradas”. Uma chamada de atenção de um especialista da Argentina foi sobre a formação dos afetos das pessoas que trabalham em instituições, principalmente as educativas, precisam ser formados. A sexualidade precisa ser considerada e assumida como algo humano e que faz parte da existência na sua totalidade. Não podemos ter medo de dialogar com Freud. As instituições e a sociedade são chamadas a fazer uma radiografia mais apurada do problema, para que as crianças e adolescentes sejam protegidos dos doentes psicossociais e das próprias instituições, que não estão preparadas para encarar o problema ou que preferem proteger o abusador, esquecendo-se de quem mais é prejudicado com os atos pervertidos e cometidos.

Por fim, lembrar a necessidade de pensar do mesmo modo da proteção das famílias. Um abusador, normalmente, foi vítima de abusos e violências dentro da própria família. Todos que estão nela devem ser protegidos e preparados para amar. Os valores que sempre foram basilares na formação das pessoas não podem ser olvidados. Façamos o discernimento do que precisa ser feito para que tenhamos uma sociedade mais humana, pacífica e promotora da dignidade de todas as pessoas. Assim o seja!
Pe. Matias Soares
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Mestrando em Teologia Moral

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